O Tarot da Morte (2024): entre sustos clichês e erros esotéricos
O Tarot da Morte, filme de terror lançado em 2024, promete uma história envolvente ao misturar cartas de tarô, maldições e mortes sobrenaturais. No entanto, para quem realmente entende de ocultismo, o longa acaba tropeçando em vários detalhes importantes — desde escolhas de cartas até conceitos mal explicados.
Com direção de Spenser Cohen e Anna Halberg, o longa tenta prender o público com sustos e reviravoltas, mas o resultado é uma obra previsível e, por vezes, incoerente.
Representação do tarot: escolha superficial e sem impacto
Um dos maiores pecados do filme O Tarot da Morte é a forma rasa como retrata o tarot. A única carta de arcano menor mostrada é o 6 de Espadas, quando opções como o 10 de Espadas ou 3 de Espadas teriam casado melhor com o tom sombrio da história.
Além disso, a produção comete um erro ao conectar forçadamente o tarot com a astrologia — dois sistemas simbólicos que não precisam ser interligados. Isso levou a uma explicação equivocada sobre a mandala astrológica, apresentada como algo muito mais raso do que realmente é em uma leitura oracular séria.
Se você é taróloga ou ocultista, esse tipo de abordagem pode incomodar bastante. Para quem deseja conhecer o tarot de verdade, vale mais a pena conhecer meu trabalho aqui.
A protagonista salva o grupo, mas a ocultista morre? Difícil de engolir
A narrativa se torna ainda mais questionável quando a ocultista — que supostamente entende do assunto — morre de forma tosca, enquanto a protagonista, que usa signos como base para suas leituras, é quem tem a ideia que salva todos.
Essa inversão de papéis prejudica a credibilidade da trama, especialmente para quem leva a sério a prática oracular. É como se o filme reforçasse a ideia de que o “achismo” de alguém levemente interessado em astrologia vale mais do que o conhecimento profundo de uma ocultista experiente. Um furo de roteiro que poderia ter sido facilmente evitado.
Atmosfera escura demais e mortes sem impacto visual
Visualmente, O Tarot da Morte também deixa a desejar. O excesso de cenas escuras prejudica a ambientação que o filme tenta construir e torna algumas passagens difíceis de acompanhar. Além disso, apesar das várias mortes, o longa evita mostrar sangue — algo estranho para um filme com classificação indicativa 14 anos. Talvez uma classificação 16 permitisse cenas mais impactantes e condizentes com o gênero.
Personagens que tomam decisões absurdas (e até engraçadas)
Em produções que envolvem maldições e bruxaria, é comum que os personagens façam escolhas erradas. Mas neste filme, algumas atitudes ultrapassam o limite do aceitável.
No famoso corre-corre na ponte, por exemplo, a fuga dos personagens beira o caricato. E a decisão de Paxton abandonar o grupo é exatamente o tipo de comportamento que, em leituras de tarot, corresponde àquele consulente que tenta “enganar o destino”. Irônico e até cômico — nesse momento, confesso que ri.
Veredito final: para quem busca sustos fáceis e diversão leve
Se você é um espectador casual que curte um terror leve com pitadas de humor, O Tarot da Morte pode até entreter. Mas para quem estuda o tarot e vive o ocultismo, a obra soa rasa, previsível e cheia de clichês.
As frases de efeito da protagonista, a estrutura narrativa linear e os furos de lógica tornam a experiência mediana. Em resumo: é um filme que tenta surfar na onda do místico, mas acaba boiando.
Para quem quiser se aprofundar de verdade no tarot e em seus símbolos, vale conferir esta análise da simbologia dos arcanos maiores no Labirinto Místico.
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O Tarô da Morte (Tarot) — EUA, Sérvia, 2024
Direção: Spenser Cohen, Anna Halberg
Roteiro: Spenser Cohen, Anna Halberg, Nicholas Adams
Elenco: Harriet Slater, Adain Bradley, Jacob Batalon, Avantika, Humberly González, Wolfgang Novogratz, Larsen Thompson, Olwen Fouéré, Suncica Milanovic, Alan Wells, Anna Halberg, Cavin Cornwall, Joss Carter, Lucy Ridley, Felix Leech, James Swanton, Vahidin Prelic, Stanislava Nikolic, Dunja Pavlovic, Visnja Obradovic
Duração: 92 min.